A arte de perguntar no mundo corporativo

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Prof. Andriei José Beber, Dr. (andriei@andrieibeber.com.br)

Albert Einstein, pai da teoria da relatividade, teria dito que se tivesse uma hora para resolver um problema – e sua vida dependesse dele -, gastaria os primeiros cinquenta e cinco minutos para determinar a pergunta apropriada a fazer. Os melhores professores têm, pelo menos, uma coisa em comum: fazem grandes perguntas que inspiram seus alunos a pensar, forçando-os a ir além das respostas simples, que testam seu raciocínio, que despertam curiosidade e geram novos insights. No mundo corporativo, executivos e gestores são levados frequentemente a pensar que seu trabalho se resume a ter as respostas certas. Mas os grandes líderes têm que inspirar a mesma curiosidade, criatividade e o pensamento mais profundo em sua equipe. E isso começa com as perguntas certas.

Qualquer resposta é tão boa quanto a pergunta feita. Se, para alguns profissionais (jornalistas, médicos, advogados, …), aprender a fazer perguntas é parte essencial de sua formação, poucos executivos compreendem que questionar é uma habilidade que pode (e deve!) ser aperfeiçoada. Um executivo gasta boa parte do seu dia pedindo informações aos outros. O questionamento estimula a aprendizagem e a troca de ideias, conduz à inovação e melhoria no desempenho, além de construir empatia e a confiança entre os membros da equipe. No limite, contribui para a mitigação de risco do negócio, identificando armadilhas e ameaças imprevistas. Para alguns, perguntar é fácil. Sua inteligência emocional e a capacidade de “ler” as pessoas, colocam a pergunta ideal na ponta da língua. A maioria, porém, não faz perguntas suficientes e tampouco as coloca da maneira ideal. O primeiro passo para se tornar um melhor questionador é, simplesmente, fazer mais perguntas.

Para Aristóteles: “Nós somos aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo de agir, mas um hábito.” Naturalmente, não basta apenas a quantidade de perguntas, mas também o tipo, o tom, a sequência e sua contextualização. Na maioria das vezes, o autor da pergunta aprende sobre seu interlocutor, o respondente se sente ouvido e ambos saem sentindo-se mais próximos. Em outras, porém, um dos participantes pode se sentir desconfortável em seu papel ou inseguro sobre quanto compartilhar, e a conversa pode parecer um interrogatório. Dale Carnegie, autor do clássico “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, alerta: “faça perguntas que a outra pessoa queira responder e seja um bom ouvinte”.

Pesquisadores da Harvard Business School sugerem que uma abordagem cooperativa tem o poder de ampliar a eficácia desse processo. Contudo, quando os interesses individuais se sobrepõem aos interesses coletivos, a abordagem tende a tornar-se competitiva, comprometendo sua efetividade. Perguntas e respostas ponderadas promovem interações mais suaves e mais eficazes, fortalecendo o relacionamento e a confiança, levando o grupo à descoberta, permitindo-se o benefício transformador de fazer e responder perguntas.