A crise política e a economia brasileira

As consequências de mais um escândalo no cenário político são evidentes: incerteza, indecisão, medo e euforia. Um contexto turbulento que provoca novamente no Brasil o aumento significativo da intensidade e frequência das flutuações dos preços de ativos financeiros.

Sob incerteza, a racionalidade deixa de pautar as decisões dos agentes de mercado que, em busca de liquidez, vendem suas ações, especialmente aquelas ligadas ao poder público, compram dólares e passam a exigir mais juros para adquirir títulos da dívida pública, pressionando preços e gerando inflação. O resultado dessa dinâmica é o impacto na economia real, uma vez que o setor produtivo capta recursos do mercado financeiro para viabilizar seus projetos e investimentos.

Vale ressaltar que antes da eclosão da recente crise política, a perspectiva de crescimento da economia vinha sendo corroborada pelo controle da inflação, redução da taxa básica de juros, recuperação da atividade industrial e pelo agronegócio, que registrou mais uma safra recorde. Agora, para que esses novos episódios de denúncias não prejudiquem ainda mais o país, é indispensável vencer rapidamente a crise política, para oferecer aos mercados um horizonte de razoável previsibilidade, gerando condições para que a volta da confiança seja um fato.

Este recente episódio reforça a importância da Governança Corporativa como um mecanismo especializado para a regulação de risco em atividades empresariais. Ela tem papel fundamental para evitar desastres corporativos, escândalos e danos ou perdas para os investidores, funcionários, fornecedores, governos e a sociedade em geral. A existência de uma arquitetura de governança apropriada e consistente garante clareza na distribuição de poder, menos problemas legais, melhor imagem pública, redução no risco de fraudes e aumento potencial no desempenho das organizações. Como dizia o ex-vice-presidente norte-americano, Joe Biden, “o combate à corrupção não é apenas boa governança. É autodefesa. É patriotismo”.