Governança eficaz

Prof. Andriei José Beber, Dr. (andriei@andrieibeber.com.br)

Os conflitos e dilemas resultantes da separação entre a propriedade e o controle de empresas e organizações fizeram surgir um modelo de gestão denominado Governança Corporativa. É um mecanismo especializado para a regulação de risco em atividades empresariais, cuja pretensão é evitar desastres corporativos, escândalos e danos para os investidores, funcionários, fornecedores, governos e a sociedade em geral. O modelo tem como princípios a transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. Para Mervyn King, ex-presidente do Banco da Inglaterra, Governança Corporativa nada mais é do que “honestidade intelectual”.

No mundo corporativo, as decisões, simples ou complexas, de âmbito público ou privado, têm impacto significativo sobre os indivíduos, organizações e comunidades. O processo decisório deve ser conduzido com sabedoria e responsabilidade. E o Conselho de Administração é o órgão encarregado do processo decisório de uma empresa em relação ao seu direcionamento estratégico, tendo como função ser o elo entre os sócios e a diretoria, para orientar e supervisionar a relação da gestão com as demais partes interessadas. O Conselho é responsável por assegurar uma arquitetura de governança apropriada e consistente com o modelo de negócio, complexidade e magnitude da organização. Os conselhos precisam se responsabilizar pelo desempenho da organização. Ao evitar riscos desnecessários, protegem o valor da empresa. Por outro lado, devem ser capazes de fomentar a geração de valor, oferecendo à empresa a agilidade indispensável para lidar com ameaças competitivas emergentes, evolução das preferências dos clientes e tecnologias disruptivas. Essa responsabilidade envolve, imprescindivelmente, mais tempo dedicado a essas empresas.

Estudo da consultoria internacional McKinsey revela que o comprometimento dos conselheiros apresentou crescimento significativo nos últimos anos. Em 2011, os conselheiros dedicaram, em média, 28 dias por ano, incluindo-se as reuniões do conselho, a participação em comitês de assessoramento e contatos informais com a empresa. Já em 2015, esse número saltara para 33 dias, uma evolução de quase 18%. Quando questionados sobre a quantidade ideal de dias a serem dedicados, o número permaneceu em 38 dias. Ao longo de 4 anos, a diferença entre o ideal e o praticado caiu 50%. Os resultados sugerem, ainda, que conselhos de administração menos comprometidos tendem a subestimar a importância de sua dedicação na geração de valor.

Conselhos de Administração de alto desempenho dedicam entre 40 e 45 dias para suas atividades. Em contrapartida, mais tempo não necessariamente implicará em melhores resultados. Os conselheiros devem estar atentos à natureza volátil de seu papel nas corporações de hoje, buscando o equilíbrio entre gestão e governança.