Projeto Infra 2038 mira no desenvolvimento da infraestrutura brasileira nos próximos 20 anos

Não é segredo que a infraestrutura brasileira enfrenta sérios problemas — e não é de hoje. Para se ter ideia disso, basta observar os números: apenas em 2016, 6.405 pessoas morreram e 21.439 ficaram gravemente feridas nas estradas do país. Nas Américas, o Brasil só “perde” para Belize, República Dominicana e Venezuela. Mas não é só isso. Para cada 100 pessoas no Brasil, apenas 43 têm seu esgoto coletado e tratado; 12 possuem soluções individuais (fossa séptica); 18 possuem esgoto coletado, mas não tratado (atendimento precário para simples afastamento); e 27 não possuem nem mesmo a coleta.

O custo logístico – soma dos gastos com transporte, estoque, armazenagem e serviços administrativos – consome 12,7% do PIB do Brasil, enquanto nos EUA este percentual é de 8%. Além disso, 10% da safra é perdida nas precárias estradas brasileiras. O brasileiro consome metade da energia elétrica de um inglês e apenas 11% do que consome um norueguês. E é justamente para tentar reverter essa situação que surgiu o projeto Infra 2038, cujo grande objetivo é colocar o Brasil, até 2038, entre os 20 primeiros países no pilar de infraestrutura do ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial. O desafio é grande: subir 53 posições através de concessões e parcerias público-privadas, atuando na conexão entre governos e investidores e no desenvolvimento de conteúdo relevante nas áreas de energia elétrica, logística, saneamento básico, infraestrutura urbana e infraestrutura social.

Formado por uma associação de profissionais comprometidos com os diferentes setores da infraestrutura, e que sabem da importância deste tema para o desenvolvimento do país, o Infra 2038 não tem fins lucrativos, e seus membros (voluntários) acreditam na força da parceria público/privada em sua essência, construindo um “ganha-ganha” que garantirá um crescimento econômico sustentável para o Brasil.

Para o professor e doutor em engenharia Andriei Beber, da Fundação Getulio Vargas (FGV) e um dos associados à iniciativa, o Brasil precisa repensar o que significa infraestrutura e sua economia do futuro. “Para isso, o Infra 2038 vai desenvolver um pipeline de ações ao longo dos próximos 20 anos para influenciar o cenário nacional de investimentos nesse nicho”, diz.

Ele explica que em 2038, para que seja atingido o patamar de excelência em infraestrutura, será necessário não só aumentar o investimento nominal, mas também escolher corretamente os projetos realizados. “Em 20 anos, energia elétrica representará 31% do estoque nacional de infraestrutura, enquanto rodovias representarão 18%, saneamento 13%, ferrovias 12%, telecom 11%, mobilidade 9%, portos 4% e aeroportos 2%”, adianta ele.