Prof. Andriei José Beber, Dr. (andriei@andrieibeber.com.br)
As agências avaliadoras de risco são empresas especializadas e independentes que avaliam o grau de risco de instituições e países no que tange à sua capacidade de honrar os instrumentos de dívida que emitem. Essa avaliação se dá na forma de uma opinião seguida de uma nota.
Os investidores utilizam esse serviço como forma de avaliar os riscos implícitos de se investir neste ou naquele país. A escala de avaliação costuma ser expressa de AAA (capacidade extremamente forte para honrar compromissos financeiros) a D (inadimplente em seus compromissos) e tem, em média, 10 níveis, podendo carregar símbolos de “+”, “‐” ou números ao final.
O mais recente rebaixamento da nota de crédito do Brasil, anunciado pela agência internacional de risco Standard & Poor’s (S&P), deixou o país ainda mais longe do selo de bom pagador. Com mais essa nota negativa, o Brasil fica 3 níveis abaixo do grau de investimento, reservado a países considerados seguros para seus credores.
O rebaixamento do Brasil de “BB” para “BB-“ nos coloca na companhia de um grupo de países cujas economias são significativamente menores e mais frágeis. São eles: Bangladesh, Costa Rica, República Dominicana, Geórgia, Guatemala, Honduras, Macedônia, Sérvia, Tunísia e Vietnã. Dados do Banco Mundial apontam que, mesmo após 3 anos de recessão, o tamanho da economia brasileira, representado pelo PIB, é quase o dobro da soma destes países.
A S&P destaca como “uma das principais fraquezas do Brasil” o atraso na aprovação de medidas fiscais que reequilibrem as contas públicas. Reforma da previdência, aumento do imposto de renda para fundos exclusivos, adiamento do reajuste salarial do funcionalismo e o aumento das contribuições previdenciárias dos servidores públicos são apenas algumas das derrotas do governo na área fiscal.
Para Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, “o rebaixamento é resultado de responsabilidade coletiva”. Que todos os brasileiros vistam o manto do pragmatismo, compreendam a importância destas reformas e ofereçam ao país um futuro compatível com sua pujança e potencial.